A realidade é muito mais inverosímil do que a ficção, diz, a certa
altura, uma das personagens deste romance. O aqui narrado parte da
concepção fantasmática de um génio, uma espécie de mundo de ficção
científica, com dois universos paralelos habitados por mónadas, essas
substâncias simples, esses pontos metafísicos, essas individualizações
infinitamente pequenas, como quartos sem portas nem janelas dentro de
uma pirâmide cuja base tenderia ao infinito, onde bastaria uma ínfima
coisa para passar de uma realidade para outra, e onde cada um de nós vê o
seu duplo e pode escolher entre ser herói ou banal, amar ou
resignar-se, sentir prazer ou raiva com a felicidade alheia, lutar pela
liberdade ou jogar as regras do jogo, viver com dignidade ou ser
passivo, aceitar a ignomínia ou revoltar-se, julgar o outro pondo-se no
lugar dele, adoptar muitas perspectivas para perceber o todo,
perguntar-se em que é que a ficção supera a realidade, se na beleza ou
na construção não tão utópica quanto poderia parecer do melhor dos
mundos possíveis.
Sinopse
Ficha Técnica