"Este livro foi escrito e é publicado a pensar nas pessoas de boa fé que acreditam, na minha rectidão e integridade. As outras não vale a pena dizer nada, porque sempre me atacarão. Apesar de, na semana que antecedeu o anúncio público dos Ministros que fariam parte do Governo de José Sócrates, o meu nome ter sido citado em quase todos os jornais portugueses, quando se soube que eu era efectivamente o Ministro dos Negócios Estrangeiros do 17.° Governo Constitucional (4 de Março de 2005), toda a Comunicação Social referiu o facto como sendo uma ""grande surpresa"". O então director do ""Expresso"", José António Saraiva, escreveu mesmo que a escolha do meu nome era um erro, porque eu só conhecia e apreciava a Europa, não tinha amigos no Brasil, não conhecia África nem me interessava pelos PALOP's, e estava em maus lençóis com os Estados Unidos da América por causa das críticas à guerra do Iraque. Um conhecido dirigente empresarial, Eng.º Francisco Van Zeller, cuja confederação nada tinha a ver (directamente) com assuntos de política externa, foi ao ponto de declarar, na TV, que eu era a ""nódoa negra"" do Governo e, mesmo, uma ""batata podre"". (Felizmente que, durante os quinze meses em que estive no MNE, todas as sondagens sobre a popularidade dos Ministros o desmentiram, mês após mês). No desempenho do cargo que me foi atribuído (e que durou de Março de 2005 a Julho de 2006), as críticas intensificaram-se e diversificaram-se, a propósito e a despropósito. E, na hora do anúncio da minha demissão (30 de Junho de 2006), várias mentiras foram proclamadas, pondo em dúvida (ou dando mesmo como inventada) a única causa que de facto a motivou — o estado grave da minha coluna vertebral e, em consequência, a necessidade urgente de uma ou mais intervenções cirúrgicas e a impossibilidade de viajar de avião ao ritmo hoje exigido por aquele cargo. Assim, o conhecido professor universitário e cronista televisivo, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou que a minha nomeação tinha sido um erro de ""casting"", prontamente corrigido pelo Primeiro-Ministro (o que significava que eu mentira ao dizer que tinha pedido a demissão por motivos de saúde, antes fora demitido, por inadequação ao cargo, pelo chefe do Governo), o ilustre político e professor universitário, José Medeiros Ferreira, escreveu que eu só entrara para o Governo do PS, com o cargo de Ministro dos Negócios Estrangeiros, com a esperança (ou a ambição) de ser o candidato do PS às eleições presidenciais e que, não o tendo sido, deixei passar um período de decência e logo que pude saí, pois já de nada servia lá estar, e, por último, foi também dito, por diversos comentadores, que eu fora um fraco Ministro dos Negócios Estrangeiros, e que nada fizera de positivo para o País, não tendo deixado obra. O direito de crítica aos governantes é um elemento essencial da Democracia, mas o direito de defesa dos criticados não o é menos. Resolvi, pois, defender-me perante o Pais. Sem ataques pessoais, sem injúrias e sem calúnias (de que fui, aliás, constantemente objecto), contarei aqui a minha versão dos acontecimentos - sempre que possível, apoiada em documentos. O leitor julgará. DIOGO FREITAS DO AMARAL Cascais, Setembro/Novembro de 2006. Índice I . A entrada para o Governo II. As três prioridades da política externa portuguesa III. Principais novidades na política externa do XVII Governo Constitucional IV. Síntese da actuação dos Secretários de Estado e Subsecretário Adjunto do MNE V. Os casos mais ""polémicos"" da minha actuação no MNE VI. Reformas internas feitas no MNE VII. Os meus problemas da coluna e o pedido de demissão do Governo VIII. Conclusão Anexos: I. Pareceres clínicos sobre o estado da minha coluna vertebral II. As minhas viagens, como MNE, ao estrangeiro III. Anúncio público da minha demissão (30-6-06) "
Sinopse
"Este livro foi escrito e é publicado a pensar nas pessoas de boa fé que acreditam, na minha rectidão e integridade. As outras não vale a pena dizer nada, porque sempre me atacarão. Apesar de, na semana que antecedeu o anúncio público dos Ministros que fariam parte do Governo de José Sócrates, o meu nome ter sido citado em quase todos os jornais portugueses, quando se soube que eu era efectivamente o Ministro dos Negócios Estrangeiros do 17.° Governo Constitucional (4 de Março de 2005), toda a Comunicação Social referiu o facto como sendo uma ""grande surpresa"". O então director do ""Expresso"", José António Saraiva, escreveu mesmo que a escolha do meu nome era um erro, porque eu só conhecia e apreciava a Europa, não tinha amigos no Brasil, não conhecia África nem me interessava pelos PALOP's, e estava em maus lençóis com os Estados Unidos da América por causa das críticas à guerra do Iraque. Um conhecido dirigente empresarial, Eng.º Francisco Van Zeller, cuja confederação nada tinha a ver (directamente) com assuntos de política externa, foi ao ponto de declarar, na TV, que eu era a ""nódoa negra"" do Governo e, mesmo, uma ""batata podre"". (Felizmente que, durante os quinze meses em que estive no MNE, todas as sondagens sobre a popularidade dos Ministros o desmentiram, mês após mês). No desempenho do cargo que me foi atribuído (e que durou de Março de 2005 a Julho de 2006), as críticas intensificaram-se e diversificaram-se, a propósito e a despropósito. E, na hora do anúncio da minha demissão (30 de Junho de 2006), várias mentiras foram proclamadas, pondo em dúvida (ou dando mesmo como inventada) a única causa que de facto a motivou — o estado grave da minha coluna vertebral e, em consequência, a necessidade urgente de uma ou mais intervenções cirúrgicas e a impossibilidade de viajar de avião ao ritmo hoje exigido por aquele cargo. Assim, o conhecido professor universitário e cronista televisivo, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou que a minha nomeação tinha sido um erro de ""casting"", prontamente corrigido pelo Primeiro-Ministro (o que significava que eu mentira ao dizer que tinha pedido a demissão por motivos de saúde, antes fora demitido, por inadequação ao cargo, pelo chefe do Governo), o ilustre político e professor universitário, José Medeiros Ferreira, escreveu que eu só entrara para o Governo do PS, com o cargo de Ministro dos Negócios Estrangeiros, com a esperança (ou a ambição) de ser o candidato do PS às eleições presidenciais e que, não o tendo sido, deixei passar um período de decência e logo que pude saí, pois já de nada servia lá estar, e, por último, foi também dito, por diversos comentadores, que eu fora um fraco Ministro dos Negócios Estrangeiros, e que nada fizera de positivo para o País, não tendo deixado obra. O direito de crítica aos governantes é um elemento essencial da Democracia, mas o direito de defesa dos criticados não o é menos. Resolvi, pois, defender-me perante o Pais. Sem ataques pessoais, sem injúrias e sem calúnias (de que fui, aliás, constantemente objecto), contarei aqui a minha versão dos acontecimentos - sempre que possível, apoiada em documentos. O leitor julgará. DIOGO FREITAS DO AMARAL Cascais, Setembro/Novembro de 2006. Índice I . A entrada para o Governo II. As três prioridades da política externa portuguesa III. Principais novidades na política externa do XVII Governo Constitucional IV. Síntese da actuação dos Secretários de Estado e Subsecretário Adjunto do MNE V. Os casos mais ""polémicos"" da minha actuação no MNE VI. Reformas internas feitas no MNE VII. Os meus problemas da coluna e o pedido de demissão do Governo VIII. Conclusão Anexos: I. Pareceres clínicos sobre o estado da minha coluna vertebral II. As minhas viagens, como MNE, ao estrangeiro III. Anúncio público da minha demissão (30-6-06) "Ficha Técnica