Fiódor Dostoiévski
Notável escritor russo, Dostoiévski nasceu a 30 de Outubro de 1821, em Moscovo, e passou a maior parte da sua existência em São Petersburgo, onde morreu em 1881. Recebeu uma educação marcadamente religiosa, o que o levou naturalmente a interessar-se pelos mais humildes. A sua primeira novela, Pobre Gente, é muito apreciada pelos críticos da época, que vêem nela o primeiro romance social russo. As novelas seguintes são recebidas com menos entusiasmo. Considera o socialismo como uma actualização da moral cristã, o que o leva a frequentar grupos de ideias radicais.
Preso e deportado para a Sibéria, essa difícil experiência permite-lhe aprofundar as suas reflexões espirituais, cristalizadas na figura de Cristo, e nos seus companheiros de infortúnio descobre a grandeza da alma russa. Em 1860 encontra-se em São Petersburgo e, com o irmão Miguel, edita a revista O Tempo (e mais tarde A Época), onde proclama as suas ideias liberais, enraizadas, contudo, na defesa das tradições nacionais. Publica Humilhados e Ofendidos e Recordações da Casa dos Mortos, obras baseadas nas suas vivências como deportado. Uma viagem a Paris e a Londres termina com as suas ilusões sobre a sociedade ocidental, ao ser confrontado com o materialismo e com o individualismo mesquinho do mundo moderno.
Para Dostoiévski, o racionalismo concebe o ser humano de uma forma demasiado redutora, enquanto a natureza emocional e inclinada aos excessos do escritor sonda na alma humana o mistério, a capacidade de se afundar nos maiores abismos e de alcançar as maiores plenitudes. Em A Voz Subterrânea (1864), o primeiro dos seus romances metafísicos, o autor cria o anti-herói, um tipo de personagem muito explorado pela literatura do século XX. Crime e Castigo (1866), de inspiração cristã, e aborda a problemática da culpa e da redenção. O Jogador (1867) é baseado na sua própria experiência. O Idiota (1868) revela uma personagem que simboliza um ideal humano de bondade e de fé. Seguem-se O Eterno Marido (1870), Os Possessos (1872) e O Adolescente (1875). A sua obra-prima Os Irmãos Karamazov (1880) opõe a natureza e a civilização e aborda os grandes problemas metafísicos: Deus, o bem e o mal, a liberdade humana.
Nos últimos anos da sua vida, preocupa-se em expor a sua visão da história, da religião, da arte, da política, em ensaios a que chamou Diário de um Escritor. Conseguiu finalmente reunir a unanimidade da aclamação dos seus contemporâneos. Na obra de Dostoiévski, encontram-se presentes, dir-se-ia profeticamente, os problemas que vão ocupar a literatura e a filosofia de todo o século XX.
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